Depois que se conhece todos do elenco, o trabalho é menos árduo. O atleta, conhecendo a forma de jogar, que seu treinador está lhe pedindo, as variações táticas, podem ser feitas com o jogo em andamento. Estamos com um elenco maravilhoso. Em todas as posições, titulares e reservas, estão muito próximos na qualidade técnica e física. Recentemente um blogueiro fez uma pergunta crucial, como é ser o técnico por quase 6 anos, e se alguma vez, sentiu vontade de jogar a toalha?
Sobre a segunda parte da pergunta, não, nunca. Tive momentos difíceis, onde o elenco era heterogêneo, onde o egoísmo imperava.
Com muita paciência, fui homogenizando o elenco, os "supostos Pelés", fui colocando em seus devidos lugares, com muita explicações e muita reserva. O grande segredo deste elenco é a simplicidade de todos. Mas, mesmo assim, durmo com os olhos abertos, pois o egoísmo é um doença que fica encubada, infelizmente é um mal inerente do ser humano. No primeiro ano como técnico do Reumatismo Máster, foi muito difícil, isto por que o elenco era frágil tecnicamente e cem vezes mais politiqueiro do que é hoje. Neste caso, tivemos que sair da democracia e dirigir com mão de ferro.
Já joguei a toalhas em duas partidas: Na primeira, não me lembro contra quem. O time era irregular, a diferença técnica, entre titulares e reservas eram muito grande. O adversário dominava e nada dava certo. Perdíamos o jogo por 2 x 0, tirei os quatro principais jogadores do elenco, colocando seus reservas, e viramos o jogo. Escutei quando um jogador que havia saído dizer no banco de reservas, o que eu vou dizer lá em casa?
Na segunda partida, foi pior. O time titular completo, jogava mal, e o adversário bem mais novo, e jogava muito. Além disso, viramos o jogo, perdendo de 3 x 0. No que começou a segunda etapa etapa, sofremos o quarto. Jogávamos em um tradicional 4-4-2, bem postado. Mesmo no primeiro tempo, com meus volantes errando passes o que não é normal, mudei para um 4-3-3, e não deu resultado. Depois de levar o quarto, foi quando tecnicamente joguei a toalha e fui para o tudo ou nada. Por quê isso aconteceu? O time jogava muito curto na meia canxa, picotava muito as jogadas, não tinha naquele dia, alguém com as características de fazer a bola se alongar, passar por cima da primeira marcação. E para complicar de vez, o centro avante saia da área e flutuava nas costas dos meus volantes. No final do ano de 2009, participei de uma semana de palestra, no estádio da Arena da Baixada, com professores da Faculdade do prof Vanderlei Luxemburgo, inclusive com ele, onde aprendi o seguinte: "Quando essa situação ocorre, você tem que definir o seguinte: Como ela se apresenta? Produção abaixo do normal de seus jogadores ou uma situação que mascara o resultado. Neste caso você não pode errar ao discernir. Foi quando, estava para jogar a toalha, partí para a segunda hipótese, fiz mechidas que normalmente não faria, principalmente em trocas simples e pura, e soltei o time em 4-1-2-3, e chegamos ao empate. Mas, naturalmente, o mérito puramente de meus comandados, chegamos ao empate e quase viramos o jogo.
Respondendo a primeira parte da pergunta, digo, ser técnico por muito tempo, é ótimo. Pois te dá experiencias de jogo passado para o atual. Além das coisas óbvias, que é conhecer tudo e todos. É emocionante ver seu time fazer em campo o que você pede, ver seu time não temer seu adversário. Jogar em casa ou fora com a mesma convicção. Fazer repetições de esquemas, de jogadas. Vibrar com seu time, fazer seu time vibrar com você.
Fui técnico e jogador do Máster do Ituano, por quatro anos, disputando a liga regional de Campinas, onde fui tetra campeão, sou técnico do Reumatismo Máster já á quase seis anos, e o índice de aproveitamento é de 73,5%. Tanto lá como cá, o trabalho está sendo igual, buscando sempre dar a devida importância para cada um, sempre fortalecendo o entendimento do que cada um representa dentro da engrenagem de um esquema tático. Sou feliz por ter jogadores, com estas capacidades, além de estarmos em uma família, onde um torce pelo outro, e todos por nossa camisa e nosso escudo. Sou Reumatismo Máster, azar de que não é.
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